Madrasta de Bernardo 'sorria' após desaparecimento, diz amigo do pai

Declaração de ex-colega de Leandro Boldrini foi feita em audiência no RS.
Sessão ouviu treze testemunhas arroladas pela defesa do médico.
Um ex-colega de Leandro Boldrini, réu e preso pela morte do filho, o menino Bernardo, deu detalhes, em audiência da Justiça nesta quarta-feira (26), sobre um encontro com a família do garoto, no dia seguinte à divulgação do desaparecimento, em abril deste ano, em Três Passos, no Noroeste do Rio Grande do Sul. Arrolado como testemunha de defesa, o médico disse que, na ocasião, estranhou o fato da madrasta de Bernardo, Graciele Ugulini, outra ré pelo crime, “estar sorridente”, apesar da tragédia familiar.
O corpo de Bernardo, de 11 anos, foi encontrado no dia 14 de abril enterrado em um matagal na área rural de Frederico Westphalen, a cerca de 80 km de Três Passos, onde ele residia com a família. Ele estava desaparecido desde 4 de abril. Além do pai, a madrasta, Graciele Ugulini, a amiga, Edelvânia Wirganovicz, e o irmão dela, Evandro Wirganovicz, também são réus pelo assassinato do menino. Os quatro estão presos e respondem por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
No depoimento do ex-colega de Boldrini, que não teve o nome divulgado, ele ainda relatou ter notado mudanças no comportamento do amigo após o início do relacionamento com Graciele. “Depois que a conheceu, Leandro estava disposto e feliz. Na parte final, acho que ele ficou mais ‘estranho'”, afirmou. Aos responder perguntas ao longo da audiência, o médicou também definiu o colega como “uma pessoa querida e respeitosa com os pacientes”, mas lembrou que o amigo tinha uma “relação fria” com o filho.
O médico foi a quinta testemunha ouvida na sessão desta quarta, que deu sequência a uma série de audiências para os depoimentos de 46 pessoas arroladas pela defesa dos réus, na segunda fase do processo criminal. As oitivas de outras três pessoas, que ocorreriam nesta tarde, foram transferidas. Segundo o Tribunal de Justiça, nesta quinta, mais quatro testemunhas devem ser ouvidas.
Além do médico, a Justiça ouviu os relatos de um administrador do presídio de Três Passos, uma enfermeira da clínica de Boldrini em Três Passos, uma terapeuta da família, e uma ex-babá, que relatou ao G1 neste ano ter recebido informações de que o menino foi vítima de uma tentativa de asfixia, protagonizada pela madrasta.
O primeiro a falar foi o administrador do Presídio Estadual de Três Passos. Ele estava no local quando Leandro Boldrini, Graciele Ugulini e Edelvânia Wirganovicz foram presos, no dia 14 de abril. Lá ficaram em torno de uma semana e não receberam visitas, apenas os advogados. A testemunha contou que teve contato com os três e achou Edelvânia e Leandro abatidos, mas não Graciele, que apresentava comportamento normal.
Quanto ao comportamento dos presos, o agente informou que não houve rebeldia. A transferência deles ocorreu a pedido da direção do presídio, por questões de segurança. Segundo ele, havia a informação de que Leandro poderia ser envenenado.
A segunda testemunha, uma professora aposentada, falou brevemente. Ela contou que foi paciente de Leandro e que recebeu um atendimento normal, mas que não conhecia a família do médico e nem Bernardo.
Em seguida, prestou depoimento uma técnica de enfermagem que foi funcionária de Leandro Boldrini por seis anos. Ela relatou ter ouvido certa vez o patrão dizer que o sonho de sua vida era ver o filho médico. A isso, Graciele teria respondido: “O teu filho nunca vai ser médico. Mas a minha filha, eu juro que vai”, contou a funcionária. Em depoimento, a testemunha disse que a madrasta falava que Bernardo era esquizofrênico como a mãe, que ele era o “diabo”.
O quarto depoimento do dia foi o da ex-empregada doméstica da casa dos Boldrini, na época em que o médico era casado com a mãe de Bernardo, Odilaine Uglione. Ela disse que Leandro trabalhava muito e que Odilaine era presente, mas não carinhosa, tendo uma relação aparentemente normal com o marido. Ela voltou a afirmar que Bernardo contou que Graciele tentou asfixiá-lo com um travesseiro, quando ela já não trabalhava mais na casa da família.
Além das audiências, duas cartas precatórias já foram realizadas. Uma delas no dia 11 de novembro na Comarca de Campo Novo com cinco testemunhas arroladas pela defesa de Leandro. A outra foi realizada em Rodeio Bonito, na semana passada. Uma testemunha de Edelvânia Wirganovicz foi ouvida.
As próximas cartas precatórias estão marcadas para sexta-feira (28) em Santo Augusto (três testemunhas de Graciele). Também haverá o mesmo procedimento no dia 9 de dezembro em Ijuí, dia 10 de dezembro em Frederico Westphalen e 17 de dezembro em Passo Fundo. Haverá audiências ainda em Porto Alegre, Santa Maria e Itapema (SC).
Entenda
Conforme alegou a família, Bernardo teria sido visto pela última vez às 18h do dia 4 de abril, quando ia dormir na casa de um amigo, que ficava a duas quadras de distância da residência da família. No dia 6 de abril, o pai do menino disse que foi até a casa do amigo, mas foi comunicado que o filho não estava lá e nem havia chegado nos dias anteriores.
No início da tarde do dia 4, a madrasta foi multada por excesso de velocidade. A infração foi registrada na ERS-472, em um trecho entre os municípios de Tenente Portela e Palmitinho. Graciele trafegava a 117 km/h e seguia em direção a Frederico Westphalen. O Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) disse que ela estava acompanhada do menino.
O pai registrou o desaparecimento do menino no dia 6, e a polícia começou a investigar o caso. No dia 14 de abril, o corpo do garoto foi localizado. Segundo as investigações da Polícia Civil, Bernardo foi morto com uma superdosagem do sedativo midazolan e depois enterrado em uma cova rasa, na área rural de Frederico Westphalen.
A denúncia do Ministério Público apontou que Leandro Boldrini atuou no crime de homicídio e ocultação de cadáver como mentor, juntamente com Graciele. Conforme a polícia, ele também auxiliou na compra do remédio em comprimidos, fornecendo a receita Leandro e Graciele arquitetaram o plano, assim como a história para que tal crime ficasse impune, e contaram com a colaboração de Edelvania e Evandro.
(Fonte: www.G1.Globo.com)

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